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26 de maio de 2014

A Era do Conhecimento e Seus Desafios



1 - O SÉCULO XXI ANUNCIA UMA CRISE DE PARADIGMAS
Nas últimas duas décadas do século XX pudemos ver grandes mudanças, tanto no campo socioeconômico e político, quanto no campo da cultura, da ciência e da tecnologia. E graças a essas transformações se tornou possível o surgimento da era da informação. É um momento novo e rico de informações e possibilidades. No início do século XX, H. G. Wells dizia que “a história da humanidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a educação e a catástrofe”. A julgar pelas duas grandes guerras que marcaram a “história da humanidade”, na primeira metade do século XX, a catástrofe venceu. No início dos anos 50 dizia-se que só havia uma alternativa: “socialismo ou barbárie” (Cornelius Castoriadis). E chegamos ao final do século com a derrocada do socialismo burocrático de tipo soviético e do enfraquecimento da ética socialista. E mais: pela primeira vez na história da humanidade, não por efeito de armas nucleares, mas pelo descontrole da produção industrial, podemos destruir toda a vida do planeta. Mais do que a solidariedade, estamos vendo crescer a competitividade. Vencerá a barbárie, de novo? Qual o papel da educação nesse novo contexto político? Qual é o papel da educação na era da informação? Que perspectivas podemos apontar para a educação nesse início do Terceiro Milênio? Para onde vamos? O termo “Perspectiva” demonstra o mesmo conceito de possibilidade, mas de um ponto de vista mais genérico, Podem aparecer como perspectivas, coisas que não tem relação suficiente para serem possibilidades de fato. Portanto, “perspectiva” significa principalmente enfoque, quando falamos, por exemplo, em perspectiva política, e possibilidade, crença em acontecimentos considerados como prováveis e bons. Falar em perspectivas é falar de esperança no futuro. Muitos educadores ficam perplexos diante de diversas rápidas mudanças na sociedade, desde o campo tecnológico ao econômico. Se perguntam sobre o futuro de sua profissão, alguns com medo de perde-la por não conseguir acompanhar essas mudanças. Em cada um destes diversos cenários para a educação, para forma-lo é sempre preciso “distanciamento. É sempre um ponto de vista indicando uma certa direção ou, pelo menos, um horizonte em direção ao qual estamos caminhando ou podemos caminhar.

2 - O TRADICIONAL E O NOVO
A educação tradicional, apesar do seu declínio, existe até hoje. A educação nova, que se desenvolveu nesses últimos dois séculos, surgiu de forma clara com a obra de Rousseau, e rendeu numerosas conquistas, principalmente no campo das ciências da educação e das metodologias de ensino. Como exemplo na pedagogia, costumamos destacar o conceito de “aprender fazendo” de J. Dewey e as técnicas Freinet. E é através da educação tradicional e educação nova que será construída a educação do futuro.
Ambas as educações que possuíam como enfoque do processo de desenvolvimento o individual, sofrem no séc. XX um deslocamento, do individual passa para o social, para o político e para o ideológico. E é apartir do séc. XX que essa passa a ser social e permanente. É claro que temos muitos desníveis entre regiões e países, mas existem idéias universalmente difundidas, entre elas, a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida toda e que ela não é neutra.

3 - EDUCAÇÃO INTERNACIONALIZADA
Na metade do século XX foi imaginada a educação internacionalizada, a qual foi confiada a Unesco. Países mais desenvolvidos universalizaram o ensino fundamental e suprimiram o analfabetismo. Desde então os sistemas nacionais de educação possibilitaram vários planos de educação, que diminuíram os custos e aumentaram os benefícios. Como resultado, os sistemas educacionais do mundo contam com uma estrutura básica muito parecida, que foi impulsionada pela globalização como parâmetro curricular comum.

4 - NOVAS TECNOLOGIAS
Como consequências da evolução das novas tecnologias, as quais foram centradas na comunicação de massa, a aprendizagem a distância se baseia na internet, sendo a grande novidade educacional do milênio. A educação opera com um linguagem escrita, e a nossa cultura vive impregnada por uma nova linguagem, sendo ela, a da mídia, tal como a da televisão e a da internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intenso da internet, estando em evidência a educação a distância com base na mesma. Por isso, os jovens que ainda não tornaram totalmente internacional a cultura do papel, adaptam-se com mais facilidade que os adultos ao uso do computador. Eles já nascem com essa nova cultura, a cultura digital.

            5 - PARADIGMAS HOLONÔMICOS:
          Esses paradigmas sustentam um princípio unificador do saber, do conhecimento em torno do ser humano, valorizando o seu cotidiano, o seu vivido, o pessoal, a singularidade, o entorno, o acaso e outras categorias.    Para os holistas (defensores dos paradigmas holonômicos), os paradigmas clássicos são marcados pela ideologia e apenas lidariam com categorias redutoras da totalidade. Já os holonômicos visam a restauração da totalidade do sujeito, com a valorização da iniciativa, sua criatividade, valorizando a complementaridade, convergência e complexidade. Os paradigmas holonômicos tem como intensão manter sem superar, todos os elementos da complexidade da vida e do real.    Há uma certa divergência entre pontos destes novos paradigmas, mas, em conjunto, indicam uma tendência única na perspectiva educacional. Os holistas buscam uma direção do futuro, chamada por eles de pedagogia da unidade. Para eles, a imaginação está no poder. São muito mais sociáveis ao que é imaginário, ligado à criatividade, do que ao real e concreto.

6 - [HOLISTAS SUSTENTAM QUE IMAGINÁRIO E UTOPIA SÃO OS GRANDES FATORES INSTITUINTES DA SOCIEDADE]
A complexidade não deve ser entendida como um padrão, mas como um o real em processamento, em constante transformação, em um ciclo de criação e recriação, construção e reconstrução. A coexistência de dois princípios é capaz de provocar desequilíbrio, dúvidas e ansiedades. Nesse sentido, deve-se entender a transdisciplinaridade como um desdobramento, um aprofundamento, da própria noção de dialética.  Entendida um método, as disciplinas que colaboram entre elas em um projeto com um conhecimento em comum poderá dar uma contribuição ao estudo chamado de Pedagogia da Terra, ou ecopedagogia, que incorpora a atitude, e a convivência transdisciplinar. “A verdade é o todo”, dizia Hegel. Por isso, acredita-se que um dos grandes méritos da transdisciplinaridade seja recuperar e renovar a categoria filosófica de totalidade.


7 - EDUCAÇÃO POPULAR
O uso da educação popular, nos dias atuais, vem se tornando uma característica comum de educadores ao redor do mundo. Um modelo de educação que passou a ser organizado e conscientizado desde os anos 60, quando Paulo Freire tratava sobre o assunto em seus trabalhos. Apesar de ser uma característica comum de vários educadores, essa educação popular vem tomando outras vertentes, tais como: educação pública popular, educação popular comunitária e educação ambiental ou sustentável. A educação popular também teve um importante papel na luta contra as ditaduras latino-americanas, apresentando projetos alternativos. Mesmo enfrentando várias fronteiras, a educação popular é hoje o que rege vários educadores pelo mundo, como já dito.
A prática da educação popular é a busca pela solidariedade e reciprocidade, buscando, antes de tudo, pensar mais no próximo, através de serviços comunitários e voluntários.
Talvez a educação popular seja o maior legado da América Latina à pedagogia crítica universal, oferecendo grandes alternativas ao sistema de escolarização pública, por exemplo.

8 - DUPLA ENCRUZILHADA
O objetivo do Instituto Paulo Freire é encontrar um caminho para educação básica a nível mundial, resolvendo de uma vez por todas esta encruzilhada a qual se encontra a educação básica, consolidando o “Projeto Escola Cidadã” como resposta à crise de paradigmas. Resolver pelo simples motivo do modelo da educação básica atual não conseguir suprir todas as necessidades após essa universalização da educação. A Escola Cidadã é um projeto que visa formar um verdadeiro cidadão para controlar o Mercado e o Estado com seu projeto político-pedagógico, além do mais, o financiamento é democrático e comunitário e o seu destino é público. O projeto tira como foco a transmissão cultural que normalmente é empregada no ensino das escolas de educação básica e traz como principal foco a transformação social, sendo a pedagogia de práxis um grande exemplo de pedagogia transformadora em suas várias manifestações.
 O conhecimento tem ganhado grande valor nos dias atuais. Dados e informações são compartilhados a todo instante ao redor do mundo. Informações são armazenadas, graças à tecnologia, em grandes servidores e essas informações podem ser acessadas de qualquer sala de aula ao redor do globo. Bem, se não já estamos na “Revolução da Informação”, estamos beirando-a. Mesmo que ainda existam milhões de pessoas sem acesso a essa informação globalizada em grande escala, a informação e o conhecimento é que o rege a sociedade do século XXI.
 Landislau Dowbor, no livro “A Reprodução Social” cita o atraso em que muitos ainda se encontram quanto à tecnologia e diz que precisamos fazer duas coisas ao mesmo tempo: superar o atraso passado e criar condições para aproveitar o amanhã.

9 - [ESTÁ EM ANDAMENTO UMA REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO COMPARÁVEL À REVOLUÇÃO INDUSTRIAL]
Além da escola, lugares como o espaço domiciliar, a empresa e o espaço social viraram lugares de aprendizagem. Já a sociedade civil está se tornando espaço de difusão de conhecimentos. Nesses espaços têm se democratizado as informações – menos influência e controle e mais liberdade. A informação que, no século XXI, passa a ser um direito fundamental do cidadão, em uma sociedade de redes e de movimentos. Quase tudo ligado à tecnologia.
O conhecimento é o básico para a sobrevivência de todos. Por esse motivo ele deve ser de livre e comum acesso, o que é o papel das instituições de ensino. Ainda há esperanças de que a educação seja algo democrático, algo que todos possam ter acesso. Porém com a falta de políticas públicas, têm surgido “indústrias do conhecimento” que mercantilizam a educação, prejudicando a visão humanista e rompendo com a ideia do livre e comum acesso à educação.
A educação, e a educação a distância em particular é um bem coletivo e por isso não deve  ser controlado pelo mercado, em interesses políticos. Quem deve decidir sobre a qualidade dos certificados deve ser a sociedade num geral. Será que ainda existirá diplomas daqui alguns anos?

10 - RENOVAÇÃO CULTURAL
A escola não pode ficar a reboque das inovações tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação. A escola deve orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer. Ela deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral.
A sociedade do conhecimento é uma sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagem, as conseqüências para a escola e para a educação em geral são enormes.
No contexto de impregnação do conhecimento cabe à escola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; cabe-lhe selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva; ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado.
E mais: sob uma perspectiva emancipadora da educação, a escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos, a tecnologia contribui pouco para a emancipação dos excluídos se não for associada ao exercício da cidadania. A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento e por isso será preciso transformá-la profundamente.
A escola do século XXI precisa ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras, o educador é um mediador do conhecimento diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do conhecimento, pois a aprendizagem agora ocupa toda a nossa vida. Devemos ser felizes na escola, a felicidade nela não é uma questão de opção metodológica ou ideológica, é uma obrigação essencial. O mundo de hoje é “favorável à satisfação” e a escola também pode sê-lo.
Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo, conviver; é ter consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas, são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, eles fazem fluir o saber porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis. 

11 - EDUCAÇÃO DO FUTURO
Diversas categorias como “determinação”, “reprodução”, “mudança” e “trabalho” aparecem frequentemente na literatura pedagógica contemporânea, sinalizando já um ponto de vista da educação. Essas categorias tornaram-se clássicas na explicação do fenômeno da educação. A dialética constitui-se, até hoje, no paradigma mais consistente para analisar o fenômeno da educação. Elas não podem ser negadas ou desprezadas como categorias “ultrapassadas”. Mas também podemos nos ocupar mais especificamente de outras, ao pensar a educação do século XXI, categorias nascidas ao mesmo tempo da prática da educação e da reflexão sobre ela. Eis algumas delas, a título de exemplo.
1ª) CIDADANIA. A partir dessa categoria podemos discutir particularmente o significado da concepção de escola cidadã e de suas diferentes práticas. Educar para a cidadania ativa tornou-se hoje projeto e programa de muitas escolas e de sistemas educacionais.
2ª) PLANETARIDADE. A Terra é um “novo paradigma” (Leonardo Boff). Que implicações tem essa visão de mundo sobre a educação? O que seria uma ecopedagogia (Francisco Gutiérrez) e uma ecoformação (Gaston Pineau)? O tema da cidadania planetária pode ser discutido a partir dessa categoria.
3ª) SUSTENTABILIDADE. O que seria uma cultura da sustentabilidade? Esse tema deverá dominar muitos debates educativos nas próximas décadas. O que estamos estudando nas escolas? Não estaremos construindo uma ciência e uma cultura que servem para a degradação e para a deterioração do planeta?
4ª) VIRTUALIDADE. Esse tema implica toda a discussão atual sobre a educação a distância e o uso dos computadores nas escolas. Quais as conseqüências para a educação, para a escola, para a formação do professor e para a aprendizagem? Como fica a escola diante da pluralidade dos meios de comunicação? Eles nos abrem os novos espaços da formação ou irão substituir a escola?
5ª) GLOBALIZAÇÃO. O processo da globalização está mudando não só a política, a economia, a cultura, como também a educação. O estudo desta categoria nos remete à necessária discussão do papel dos municípios e do “regime de colaboração” entre união, estados, municípios e comunidade, nas perspectivas atuais da Educação Básica. Para pensar a educação do futuro, precisamos refletir sobre o processo de globalização da economia, da cultura e das comunicações.
6ª) TRANSDICIPLINARIDADE. Embora com significados distintos, certas categorias como transculturalidade, transversalidade, multiculturalidade e outras como complexidade e holismo também indicam uma nova tendência na educação que será preciso analisar. Como construir interdisciplinarmente o projeto pedagógico da escola? É necessário realizar o debate dos parâmetros curriculares. O desafio de uma educação sem discriminação étnica, cultural, de gênero.
7ª) DIALOGICIDADE, DIALETICIDADE. Não podemos negar a atualidade de certas categorias freireanas e marxistas, isto é, a validade de uma pedagogia dialógica ou da práxis. A fenomenologia hegeliana continua inspirando nossa educação e deverá atravessar o milênio. A educação popular e a pedagogia da práxis deverão continuar como paradigmas válidos para além do século XXI.

12 - [DIALÉTICA AINDA É PARADIGMA MAIS CONSISTENTE PARA ANALISAR FENÔMENO DA EDUCAÇÃO]
Com diversos desafios para a educação, nos fica claro que a reflexão crítica não é suficiente, como também não basta a prática sem a reflexão sobre ela. A análise dessas categorias, a identificação da sua presença na pedagogia contemporânea, pode constituir-se, sem dúvida, num grande programa a ser desenvolvido hoje em torno das “perspectivas atuais da educação”. Com esse texto introdutório, pretende-se iniciar um debate sobre as diversas perspectivas atuais da educação, para uma análise em profundidade daqueles e daquelas que se interessam por uma educação voltada para o futuro, uma educação apropriada para o século XXI.

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